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O outro lado de Campo de Ourique

Este não é um texto sobre a inauguração de uma loja gourmet; também não é sobre um dos prémios que Campo de Ourique vai recebendo, prémios esses que ninguém percebe bem o que premeiam, ou porque é que premeiam, apenas servem para que se crie uma marca que, como todas as outras, é apenas uma representação que serve pouco para resolver os problemas concretos das pessoas comuns. Este será um texto sobre uma pequena parte de Campo de Ourique, sobre um edifício municipal  e sobre como este revela como o poder autárquico (em concreto, Câmara Municipal de Lisboa e Junta de Freguesia de Campo de Ourique) esquece parte da sua população.

A piscina municipal Baptista Pereira, na Quinta do Loureiro, podia e devia ser, como já foi, um equipamento ao dispor dos lisboetas, possibilitando que a população que ali reside dele possa desfrutar. Ao invés, este equipamento municipal encontra-se abandonado, em estado de degradação e, pensa a Câmara Municipal de Lisboa, emparedado. Sim, leu bem, a mais recente intervenção do poder autárquico nesta piscina consistiu em construir paredes de cimento por forma a vedar todas as entradas desta piscina, cujo abandono por parte daquele poder fez com que se tornasse um local propício para o tráfico e consumo de estupefacientes. Sucede que nem para levar a cabo uma medida errada o poder autárquico foi competente. De facto, a situação mantém-se, deixando os moradores da Quinta do Loureiro desolados com esta situação e, principalmente, com o que ela revela: que em Campo de Ourique há uma zona esquecida, e logo por quem tem a esquecida, e logo por quem tem a obrigação de dela cuidar.

É revoltante visitar a Quinta do Loureiro e pensar que este pequeno exemplo é só isso mesmo: um pequeno exemplo. O silêncio sobre a Quinta do Loureiro, sabem-no e dizem-no as pessoas que lá vivem, não acaba com uma ou duas obras cirurgicamente levadas a cabo para estarem prontas antes do dia 1 de outubro. Estas apenas demonstram a hipocrisia com que se governa.

Como seria a vida das pessoas da Quinta do Loureiro, se o poder autárquico não se esquecesse delas? Enquanto as luzes de Campo de Ourique estão acesas para uns, apagam-se para outros. Porquê?