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A vandalização do CDS

Na sessão da Assembleia Municipal de Lisboa de 16 de setembro o CDS demonstrou toda a sua cultura democrática. Referindo-se a “uma série de pinturas do PCP sobre um conflito que não envolve Portugal”, o conflito na Palestina, classificou as pinturas murais e stencil de “vandalismo”, comparando esta forma de expressão de um partido político com os danos provocados pelas claques de futebol. A moção intitulada “contra a vandalização do património público“ é perentória e delibera: censurar todas as práticas de propaganda que impliquem a vandalização da cidade; enviar a moção ao Metropolitano de Lisboa para que os custos de remoção e reparação sejam imputados legalmente à entidade prevaricadora.

 

Sabemos que o CDS convive mal com as práticas de expressão política que marcaram o fim da ditadura. Os murais políticos foram uma das formas de propaganda mais relevantes do processo revolucionário em 1974. Aliás, a própria Assembleia Municipal de Lisboa, para assinalar os 40 anos do 25 de Abril assumiu com uma das iniciativas mais importantes a pintura de um mural com mais de 30 metros numa das empenas do edifício onde decorrem as sessões da AML. O CDS pretende ser mais justicialista que a própria lei que defende as várias formas de propaganda e expressão política dos partidos e assume o papel de “bufo” de serviço na intenção de comunicar ao Metro de Lisboa quem são os prevaricadores.

 

Na discussão da moção, o Bloco de Esquerda declarou-se totalmente contra o teor justicialista e persecutório da moção, que ofende a dignidade da democracia e a livre expressão política conquistada com o 25 de Abril. Os votos favoráveis do CDS e PSD não teriam sido suficientes para aprovar a moção caso o PS não se tivesse vergonhosamente abstido na votação.

 

Ricardo Robles