Na sessão pública de assinatura do acordo entre Bloco de Esquerda e Partido Socialista para a Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina e Ricardo Robles falaram dos desafios desta convergência para os próximos quatro anos de gestão municipal.
Para Ricardo Robles, que irá assumir os pelouros da Educação, Saúde, Direitos Sociais e Cidadania, este acordo serve para “avançar na concretização das prioridades enunciadas na campanha”, ao estabelecer “80 pontos que consideramos essenciais para uma Lisboa mais justa e solidária”.
“Foi um trabalho de aproximação e clareza, com divergências que ficaram assumidas, mas que definiu um calendário de medidas pelo qual prestaremos contas”, prosseguiu o vereador bloquista. Dirigindo-se a Fernando Medina, Robles afirmou que “com este acordo, só pode esperar do Bloco mais exigência e não menos”, concluindo que o edil lisboeta pode contar “com o melhor da nossa inteligência, da nossa força, da nossa colaboração, da nossa liberdade, num mandato que viveremos por inteiro”.
A intervenção de Robles destacou alguns dos pontos principais do acordo agora assinado. No campo da habitação, referiu o novo pilar público do Programa Renda Acessível, com a disponibilização de três mil fogos, a maior proteção dos inquilinos municipais e o investimento na reabilitação dos bairros municipais, a par da proteção contra a especulação sobre o património municipal na Colina de Santana. Na área dos transportes, saudou o facto de a chegada do Metro à zona ocidental passar a ser uma prioridade. E prometeu que “já em 2018 teremos soluções para quem vive na zona ocidental”, com um novo plano de mobilidade e reforço da oferta de transportes públicos.
“Este acordo garante manuais escolares gratuitos a mais de 25 mil crianças já neste ano letivo”, um número que deverá duplicar no próximo ano, a par da criação de mil novas vagas em creches e o investimento para reequipar as escolas do 1º ciclo. “Vamos fazer de Lisboa um município com precariedade zero e nenhum precário na CML e empresas municipais ficará para trás”, prosseguiu Ricardo Robles, sublinhando ainda as medidas que vão dar mais transparência nas decisões municipais, com o registo de interesse dos eleitos, transmissão em direto das reuniões de Câmara na internet e disponibilização das atas no site após a aprovação.
Fernando Medina: “Este é um acordo de vontade e não de necessidade”
Na sua intervenção, o presidente da Câmara de Lisboa classificou o acordo como “um ato de vontade para construirmos uma melhor cidade de Lisboa”, salientando que se trata de “um acordo de vontade e não de necessidade”.
“Procurámos a convergência genuína com aqueles que desde a primeira hora sempre foram claros na identificação dos principais desafios da cidade e na vontade de procurar a convergência”, prosseguiu o autarca. “Na campanha eleitoral notam-se mais as diferenças. Mas para aqueles que estiveram mais atentos na campanha eleitoral, torna-se claro que havia amplas margens de convergência”, recordou, a começar “nas palavras chave que foram enunciadas nos documentos estratégicos, que eram as mesmas: habitação, transportes e políticas sociais”.
Fernando Medina clarificou que este “não é um acordo para excluir ninguém nem para dividir ninguém. É o acordo para fazer avançar a cidade de Lisboa”. E prometeu manter “portas abertas ao diálogo com todas as forças políticas, em particular com as forças à esquerda”.
No final do discurso, em tom bem disposto, Medina aludiu à satisfação que sente por deixar de ouvir Ricardo Robles enquanto deputado municipal a pedir-lhe explicações sobre a gestão camarária. “Agora também lhe poderei perguntar: então senhor vereador, como está a avançar a construção das nossas creches? É um reforço da minha posição que me agrada particularmente”, ironizou.
Artigo originalmente publicado em Esquerda.net a 2 de Novembro, 2017 - 15:33h