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Salas de consumo assistido avançam até final de 2018

Foto retirada do site do GAT.
Foto retirada do site do GAT.

“Desta vez é mesmo para avançar. Temos os pareceres técnicos todos prontos e já foram criadas parcerias com as associações no terreno. Só faltava a decisão política que está tomada e será implementada, no máximo, até ao final de 2018”, garantiu o vereador do Bloco de Esquerda, Ricardo Robles, em declarações ao Expresso.  

A abertura de salas de consumo assistido faz parte do acordo “Bases para convergência na Câmara Municipal de Lisboa entre o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda”. No ponto sobre Diretos Sociais, os dois partidos comprometem-se com a “abertura de sala de consumo assistido e criação de equipas móveis em articulação com as organizações intervenientes nesta área e com o Serviço Nacional de Saúde, para reduzir os riscos associados à toxicodependência”.

 

 

Em 2016, Ricardo Robles, então deputado municipal, já tinha apresentado uma recomendação, aprovada na Assembleia Municipal, que propunha a abertura destes equipamentos.

"Todos os diagnósticos apontam para a necessidade de criar estes equipamentos"

“Congratulamo-nos com o facto de esta resposta avançar, já que todos os diagnósticos apontam para a necessidade de criar estes equipamentos e inclusivamente já estão indicados os locais onde faz sentido localizá-los. São três zonas problemáticas, onde se encontra a maior concentração de consumidores a céu aberto: Alta de Lisboa, Casal Ventoso e alguns locais da zona oriental”, esclareceu o coordenador da Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (DICAD) da Administração Regional de Saúde de Lisboa, ao semanário.

Segundo Joaquim Fonseca, “as pessoas estão a injetar-se a céu aberto, sem quaisquer condições, e podem facilmente desenvolver problemas graves que estão associados ao consumo, como tuberculose, VIH ou hepatite C, tornando-se um risco para a saúde pública”.

Está prevista a abertura de duas salas fixas de consumo assistido – uma na Alta de Lisboa (Lumiar) e outra no Casal Ventoso. No que respeita à zona oriental da cidade, e tendo em conta que os locais de consumo se dispersam pelas freguesias de Marvila, Beato, Olivais e Penha de França, o projeto prevê a existência de espaço móvel.

“Uma resposta fundamental para a zona da Alta de Lisboa”

O presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, Pedro Delgado Alves, considera que “é inequívoco que se trata de uma resposta fundamental para a zona da Alta de Lisboa”, mais concretamente no Bairro da Cruz Vermelha.

“Neste momento, o consumo tem lugar à porta de casa das pessoas. Os moradores são os primeiros a querer uma solução que tire o consumo do seu hall de entrada para uma infraestrutura própria”, sublinhou o autarca.

Também o presidente da Crescer, associação que deverá ficar a gerir a sala de consumo assistido da Alta de Lisboa, destacou que “a comunidade reclama por uma solução destas”: “Há consumos em frente da escola, o que não aconteceria se já houvesse uma sala de consumo assistido”, sinalizou.

Américo Nave lembrou ainda que este “não será apenas um local onde se pode consumir em condições de segurança, mas também onde as pessoas poderão tomar banho, fazer uma refeição e ter acesso a cuidados médicos”.

Segundo o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, os estudos feitos ao longo do tempo revelam o impacto positivo das salas de consumo assistido, “que podem contribuir para reduzir os riscos relacionados com o consumo de droga, incluindo as mortes por overdose”.

Artigo originalmente publicado em Esquerda.net a 1 de Dezembro, 2017 - 12:41h