O Bloco de Esquerda saudou a decisão da Web Summit de retirar o convite a Marine Le Pen, líder da extrema-direita francesa, mas defende que seria importante uma posição do Governo e da Câmara Municipal de Lisboa.
"É a decisão mais acertada, também considerando as pressões que foram feitas e a própria pressão social que existiu relativamente ao convite que tinha sido feito à Marine Le Pen" para participar na Web Summit, disse à agência Lusa Isabel Pires, deputada do Bloco de Esquerda.
Porém, Isabel Pires reforça que, "apesar de saudarmos esta decisão, a única incógnita que se mantém é de facto [que] o Governo e a Câmara Municipal de Lisboa não tiveram uma única palavra sobre o assunto e isso lamentamos”. Para a deputada, "seria importante haver uma tomada de posição considerando que existem dinheiros públicos nesta organização”.
A declaração do organizador retirando o convite a Marine Le Pen "denota que assumiram o erro e não tinham talvez noção da importância que teria este convite", referiu ainda à Lusa.
O convite para Marine Le Pen se deslocar a Lisboa para participar na terceira edição em Portugal da Web Summit tinha originado uma polémica no início desta semana, com inúmeras críticas nas redes sociais e a associação SOS Racismo a exigir que as entidades ligadas à organização da Web Summit tomassem uma posição pública. Também o Bloco de Esquerda criticou publicamente este convite no passado dia 14 de agosto.
Também nesse dia, Paddy Cosgrave, fundador do evento, reagiu no Twitter ao dizer que retirariam o convite caso o Governo português assim o pedisse. Na manhã do dia seguinte, Cosgrave voltou ao Twitter para anunciar a retirada do convite, explicando que a sua equipa, "com base nos conselhos" que recebeu e "na ampla reação ‘online’ ao longo da noite", concluiu que a presença de Le Pen "é desrespeitosa em particular para o país anfitrião" e "para alguns entre as dezenas de milhares de participantes" de todo o mundo que acorrem ao evento tecnológico e de inovação.
Artigo originalmente publicado em Esquerda.net