"Há mais de um ano que fazemos sessões de esclarecimento, fizemos também um simulador das rendas no nosso portal na internet para que as pessoas pudessem usar", disse Catarina Martins a mais de cem inquilinos da freguesia de São João, numa das dezenas de sessões que o Bloco tem promovido em várias localidades do país. As sessões incluem uma apresentação do novo regime do arrendamento, com simulações de casos concretos e resposta a dúvidas dos inquilinos.
O facto de o Governo nada ter feito até agora para informar os inquilinos, que já começaram a receber cartas desde o ano passado, ainda a lei não estava em vigor, foi também alvo de críticas: "O Governo diz agora que vai criar uma linha de apoio, mas a verdade é que já a prometeu há um ano e ainda não o criou, não existe apoio no terreno", sublinhou Catarina Martins.
"Sabemos que esta lei é injusta e cria angústia nas pessoas, porque vivem confrontadas com aumentos de rendas que são incomportáveis", prosseguiu a deputada, concluindo que "a lei deve ser revogada e o Bloco já apresentou um projeto de lei para a sua revogação na Assembleia da República".
"Mas entretanto é muito importante não aceitar os aumentos que estão a ser impostos. É importante as pessoas saberem fazer valer os seus direitos e procurarem apoio", apelou, lembrando que "para além destas iniciativas do Bloco, as Associações de Inquilinos estão a fazer um grande trabalho a dar esses conselhos".
A informação sobre a aplicação da nova lei a cada caso concreto é fundamental para que as pessoas não sejam enganadas e Catarina Martins relembrou disso os inquilinos presentes. "Sabemos que há muitas pessoas que estão a aceitar os aumentos de rendas porque não estão a contestar no prazo, porque se vêem aflitas face a um discurso em juridiquês que não compreendem, face ao autoritarismo de quem vem ter com elas, estão a aceitar aumentos que não têm de aceitar", denunciou a deputada.
No final da intervenção, a coordenadora do Bloco apelou a que "cada uma das pessoas que aqui está também nos ajude nisto e converse com quem sabe que está a receber estas cartas e estes aumentos de rendas, que lhes explique como fazer valer os seus direitos e onde procurar ajuda, para que não tenhamos este assalto à casa das pessoas e se possa preservar a habitação e as pessoas, porque isso é essencial e uma prioridade para nós".
"Vamos fazer tudo o que podemos para revogar a lei e acabar com esta lei injusta, mas vamos dar instrumentos às pessoas para não se sentirem sozinhas quando recebem a carta do senhorio e saberem reagir e fazer valer os seus direitos", concluiu Catarina Martins.
Na sessão esteve também Ricardo Moreira que apresentou a lei, os procedimentos de resposta e esclareceu as dúvidas colocadas pelos inquilinos.