“Este programa tem a marca da participação”, começou por dizer Ricardo Robles, candidato do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Lisboa, na apresentação do programa autárquico Lisboa, Cidade Partilhada, apresentado primeiro a 2 de maio e depois submetido a “dezenas de reuniões e debates públicos onde centenas de pessoas deram a sua opinião”.
Também Isabel Pires, cabeça de lista do Bloco à Assembleia Municipal de Lisboa, salientou o caráter participativo do programa. De entre as questões mais discutidas no processo, relembrou os problemas demográficos de Lisboa, uma “evolução demográfica" para a qual "faltam hoje muitas respostas”.
Por isso, o Bloco pretende criar um "serviço municipal de apoio domiciliário que se expanda por todo o concelho" para os idosos e quem tem dificuldades no dia-a-dia. "É uma resposta de proximidade para não deixar ninguém para trás", concluiu.
Prioridades: Transportes e Habitação
“Hoje apresentamos um programa para governar a cidade”, disse depois Ricardo Robles, apontando para os 11 eixos que definem o programa: Educação, Saúde, Direitos dos Animais, Cultura, Ambiente e Eficiência Energética, Mobilidade Suave, Direitos LGBT, Universidade Sénior, Taxas e Política Fiscal, a Cidade Acessível a Pessoas com Deficiência, apoio aos mais carenciados e combate à pobreza.
Mas existem “urgências” às quais é necessário responder: “Habitação e Transportes. Foram 8 anos de maiorias absolutas do PS em Lisboa que transformaram esta cidade. O que sobra é especulação imobiliária e trânsito, o que falta é habitação e transportes públicos”. Por isso, diz, “essas tinham de ser as nossas prioridades”.
Para responder ao problema da Habitação, Ricardo Robles quer lançar o programa “Viver Lisboa”, com “7500 casas a preços acessíveis”, utilizando “o património municipal que existe para garantir habitação para todas e todos os lisboetas”. Um programa “100% público e financiado pela autarquia”.
Depois, Ricardo Robles quer abordar a Habitação Social: “precisamos de dignidade nos bairros municipais. Lisboa é o maior senhorio da cidade. Vivem quase 70 mil pessoas nestes bairros”, que precisam de requalificação “do ponto de vista energético, garantindo que as casas têm qualidade térmica”. Além disso, “é urgente reabrir as casas encerradas”, revelando que em todas as visitas aos bairros sociais se descobrem casas emparedadas.
Face aos problemas criados pela pressão turística, Ricardo Robles afirma que “temos de proteger o direito à habitação na cidade da pressão turística e da especulação imobiliária. Não chegámos hoje a este debate”, relembrando que em maio de 2016 o grupo municipal do Bloco de Esquerda apresentou uma proposta para aplicar quotas ao alojamento local. E explicou a proposta do Bloco: “precisamos de regras muito claras no alojamento local”.
Primeiro, diz, é necessário “distinguir alojamento local do turismo habitacional”. Uma coisa, é “partilhar a casa”, outra é compra de casas para turismo e que precisam de ter regras próprias, “porque é aqui que existe a maior pressão na cidade, e precisamos de quotas para gerir esta pressão”.
A venda de património “é um dos maiores erros de Fernando Medina”, afirma Ricardo Robles. O executivo de Fernando Medina “vendeu 480 milhões de euros de património nos últimos anos”. E dá o exemplo do programa “Reabilita Primeiro, Paga Depois”, onde a CML vendeu “100 prédios sem qualquer condição”, seja para a “indústria hoteleira ou a pura especulação”. Para o candidato do Bloco, o património camarário “tem de ser visto como um instrumento essencial de política de habitação”.
Como segunda “prioridade fundamental”, Ricardo Robles define os Transportes. “Temos de recuperar o serviço da Carris e do Metro. Foram dez anos de silêncio do PS perante a destruição da direita”. Agora, diz, “é preciso recuperar os transportes públicos porque não há uma cidade sem transportes públicos de qualidade”. Em primeiro lugar, Ricardo Robles quer “investir fortemente na Carris”, recuperando e autocarros e linhas de elétrico.
Para o Metro de Lisboa, Ricardo Robles define como objetivo a “expansão do Metro para a zona ocidental, onde 100 mil habitantes continuam mal servidos de transportes”, e a “recuperação dos 60 milhões de passageiros na Carris e Metros que se perderamnos últimos anos”, através de “tarifas apelativas” com gratuitidade para estudantes e séniores.
Por seu lado, o problema do estacionamento, diz, “passa pela redução do número de carros que todos os dias entram em Lisboa”. Quase 400 mil carros” por dia, que obrigam à criação de parques dissuasores.
“Fernando Medina é o candidato do ‘agora é que é’”
"Perante este poder absoluto das maiorias absolutas do PS em Lisboa, percebemos que o que era mais importante ficou por tratar", criticou Ricardo Robles. "Olhamos para os programas do PS em Lisboa nos últimos 10 anos? em 2007, em 2009, em 2013 e repetem-se as propostas, sobretudo estas na área da habitação, dos transportes, e percebemos que o que era mais importante ficou por fazer", relembrou, classificando Fernando Medina “como o candidato 'agora é que é'".
Se Fernando Medina diz que “agora é que vai tratar” da habitação a custos acessíveis, da Carris e do Metro, das creches, dos parques dissuasores, Ricardo Robles relembra que "esse poder absoluto deixou tudo isto para trás nos últimos 10 anos". Por isso, "o Bloco será essa força para garantir que estas prioridades são mesmo prioridades, são mesmo para cumprir".