A coordenadora bloquista, que esteve acompanhada pela deputada Ana Drago, disse ter feito questão de visitar a Escola Secundária Gil Vicente, perto do bairro da Graça, onde "mais de metade dos alunos precisa de apoio social", para "tentar perceber o que são as gorduras na educação de que tem falado o Governo", cita a Lusa.
"Hoje estivemos aqui numa reunião e não encontrámos gorduras, encontrámos professores e encontrámos alunos, portanto, uma coisa é certa, os milhões de cortes na educação que o Governo está a preparar serão, nem mais nem menos, despedimentos de professores, de contratados e não só", sublinhou.
Também o diretor do Agrupamento Escola Gil Vicente, João Cortes, afirmou que a Secundária Gil Vicente tem tentado "poupar ao máximo" nos custos de funcionamento, com luzes desligadas em vários corredores e aquecimento apenas em 10 por cento da escola, mas que terá muitas dificuldades em encaixar "mais um corte no orçamento” (cerca de 500 mil euros por ano).
Concessionar escolas públicas a privados "não fará poupar um cêntimo ao Estado"
"Nos últimos dias o senhor primeiro-ministro tem-se desdobrado em declarações um pouco contraditórias sobre o que pretende para a escola pública e percebemos que grande parte do que diz eventualmente não compreende”, afirmou Catarina Martins. “Espera-se que um dia saiba do que está a falar, mas entendemos que há uma grande vontade de fazer duas coisas, concessionar a privados aquilo que é a escola pública e cortar milhões na educação", denunciou.
A dirigente bloquista defendeu que concessionar escolas públicas a privados "não fará poupar um cêntimo ao Estado", como se viu com "o que aconteceu na saúde". "Conseguimos com a concessão a privados ficar pior nas finanças e pior nos cuidados de saúde, não se pode repetir esse erro na educação", defendeu.
Mais cortes na educação significa despedimento de professores do quadro
No final da reunião com a direção do Agrupamento, Catarina Martins desafiou o executivo PSD/CDS-PP a assumir "qual é esse número escondido de despedimentos na função pública", que "nunca quis quantificar durante o debate do Orçamento revelar".
A deputada referiu que no Orçamento para 2013 "há um corte muito significativo na educação e é impossível cortar sem haver despedimento de professores" e considerou que o anúncio "de mais cortes" pelo Governo [com a reforma do Estado] levará ao despedimento também de professores do quadro.
"O que está em causa não são só as dezenas de milhares de professores contratados, o que estará também em causa num futuro próximo são mesmo os professores que estão no quadro, há um plano de despedimentos na função pública e na educação, claramente", advertiu.
Para Catarina Martins, "num país onde há menos de quarenta anos uma em cada cinco pessoas era analfabeta" não se pode "brincar com a educação e não se podem deixar alunos para trás".