Os hospitais que compõem o Centro Hospital de Lisboa Central (CHLC) têm algumas das mais importantes especialidades e respondem a necessidades que, por vezes, vão para além da própria Área Metropolitana de Lisboa (o que já de si é uma área geográfica muito grande).
O Hospital de Curry Cabral é um dos hospitais que pertence ao CHLC. Além do fecho das urgências durante o período de governo de PSD/CDS, o desinvestimento nos hospitais públicos é bem visível neste hospital. Uma das especialidades que funciona neste hospital é a nefrologia, sobre a qual têm chegado ao Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda denúncias e relatos de falhas graves.
Assim, sobre o funcionamento regular do serviço de nefrologia foi relatado que:
· Tempo de viagem e espera no hospital para fazer diálise de 10 horas para utentes que têm que vir de fora da Área Metropolitana de Lisboa;
· Tempos de espera para iniciar a diálise de cerca de 3h após a hora marcada inicialmente, com a justificação de que não havia cadeiras de rodas suficientes para levar o paciente;
· Sobrelotação de pacientes para a quantidade de máquinas disponíveis, que faz aumentar os tempos de espera;
· Encaminhamento regular para clínicas privadas com acordo de cooperação para acompanhamento dos pacientes, apesar do tratamento ser feito no público;
· Todos os profissionais medicos de nefrologia do Curry Cabral trabalham também em clínicas privadas dessa mesma especialidade;
Ora, estamos claramente perante problemas que são consequência, por um lado, de desinvestimento no serviço nacional de saúde e, por outro lado, do mercado que o privado criou em torno da diálise. Não é aceitável que hospitais do mesmo centro hospitalar tenham falhas de comunicação ao ponto de porem em risco a vida de pacientes; não é aceitável que as clínicas privadas tenham acesso priveligiado a pacientes.
Atendendo ao exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vem por este meio dirigir ao Governo, através do Ministério da Saúde, as seguintes perguntas:
1. Tem o Ministério da Saúde conhecimento da situação relatada?
2. Prevê o Ministério da Saúde investimento adicional para dar resposta ao crescente número de pacientes de nefrologia, nomeadamente na compra de novas máquinas de diálise e outro material médico como cadeiras de rodas?
3. Como explica o Ministério da Saúde as falhas de comunicação expostas? Existe alguma previsão de alterações ao sistema informático que colmatem estas falhas?
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