Segundo aponta o índice da Confidencial Imobiliário, que engloba as freguesias lisboetas da Misericórdia, Santa Maria Maior e São Vicente, no segundo semestre de 2016, o aumento do preço das casas atingiu os 10% face ao semestre anterior, "continuando o percurso de clara valorização registado ao longo do ano". No primeiro semestre de 2016, o preço dos imóveis no centro histórico de Lisboa já tinha registado um aumento de 8%.
"Esta tendência crescente verifica-se já há cinco semestres sem interrupção, resultando numa subida de 46% nos preços nos últimos dois anos (no acumulado entre o segundo semestre de 2014 e o segundo semestre de 2016)", avança a Confidencial Imobiliário.
O índice IPCHL revela que o centro histórico de Lisboa tem valorizado "a um ritmo mais elevado que a totalidade da cidade de Lisboa", que, nos dois últimos anos, registou uma subida nos preços de 36%.
Em 2016, foram transacionados 2.267 imóveis no centro histórico lisboeta, "num volume de investimento ligeiramente acima dos 700 milhões de euros". Em causa está a venda quer de prédios e de fracções, reabilitados ou por reabilitar, nos segmentos de habitação, retalho e serviços.
“A valorização mais forte observada no centro histórico deve-se, em parte, à forte procura por investimento nesta zona da cidade, onde se denota um robusto crescimento de projetos com usos turístico e de comércio e um crescente pendor de procura internacional", assinala o diretor da Confidencial Imobiliário, Ricardo Guimarães.
Falta de oferta em Lisboa deslocaliza procura para o Porto
De acordo com o inquérito mensal de conjuntura da APEMIP – Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, o Porto lidera a procura imobiliária em Portugal, com quase 40% das intenções de compra.
Lisboa mantém-se no segundo lugar do pódio, com 23,1% das intenções, seguida de Faro, que apenas conta com 7,5% dos imóveis disponíveis a nível nacional.
A APEMIP prevê que, dentro de pouco tempo, se assista a uma “descentralização do investimento imobiliário” para outros distritos, como Aveiro e Coimbra.
“Com a retoma do setor imobiliário, a procura focou-se, numa primeira fase, no distrito de Lisboa. Mas tem vindo a deslocar-se para outros distritos. O motivo central prende-se com a ausência de ativos e com o aumento dos preços de mercado em Lisboa, que fizeram com que as intenções de compra se dirigissem para o Porto”, afirma o presidente da APEMIP, citado pelo Jornal de Notícias.
Ainda que o distrito do Porto tenha, atualmente, uma oferta de 39,2%, contra os 10,1% do distrito de Lisboa, Luís Lima sublinha que a procura na cidade do Porto é já superior à oferta disponível.
No concelho do Porto, a procura já ascende a 29,8%, sendo que a oferta não alcança os 21%. A disparidade de preços dentro da própria cidade é flagrante, com o preço por metro quadrado a atingir os três mil euros na Avenida dos Aliados, rua de Mouzinho da Silveira e Clérigos, face ao valor médio de 1.996 euros praticado dentro do concelho.
“O país passou a estar na rota dos investidores, não pelas notícias que dizem que estamos na moda, mas porque os negócios são atrativos. E à medida que se vai esgotando o stock, a procura vai-se deslocando. O investidor vai para onde pode ganhar dinheiro”, salienta Luís Lima.