A ocupação realizada no dia 24 de Novembro de um prédio vazio há cerca de 16 anos por um grupo de pessoas é uma manifestação importante que demonstra, por um lado, que é inaceitável continuarmos com as nossas cidades cheias de pontos negros de abandono, casas vazias, degradadas, que não cumprem qualquer função que não apenas a da degradação, do desaproveitamento, do desperdício, da especulação e da falta de respeito para com todos e todas. Por outro lado, mostra a vontade que existe em dar vida a estes espaços, promover o encontro, a partilha de experiências, as trocas culturais, etc.
Assim sendo, porque é que quem é punido é quem quer dar vida à cidade, à comunidade e não quem promove a degradação, a especulação e o abandono desta?
Este caso deveria ser tratado pela Câmara Municipal de Lisboa - proprietária do edifício em causa - de uma maneira completamente diferente. Em vez de tornar este acontecimento um caso de polícia e de sensacionalismo televisivo, deveria antes e desde o princípio, encarar esta iniciativa como uma proposta inovadora para a cidade, negociando com estes jovens (que segundo os próprios terão várias vezes tentado apresentar projectos à CML) a possibilidade de se abrirem espaços vazios para serem auto-geridos como oportunidade de expressão social e cultural. Tal resposta permitiria enriquecer-nos a todos, promovendo diversidade cultural e abertura, contra o preconceito, numa cidade que se quer cosmopolita e viva.
Na rua de São Lázaro é caso para dizer: Ali Podia Viver Gente!!